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diálogos, propuestas, historias para una Ciudadanía Mundial

Uma tese sobre dph: conclusão

Trechos tirados da tese « Redes Informatizadas de comunicação : A teia da Rede internacional DPH » de Marcio Vieira de Souza, 2002.

A íntegra da tese em linha no site :http://teses.eps.ufsc.br/...

Este trabalho, baseado no estudo de caso da rede DPH, resultou em uma proposta metodológica de construção de modelos para identificação e análise de organizações em rede, que sistematiza-se abaixo:

A chave do enigma para identificar um modelo organizacional virtual em forma de rede

Esta proposta de metodologia, construção e estudo de redes, desenvolveu um modelo de identificação que foi utilizado para identificar uma rede informatizada de comunicação, que tem como nós principais, organizações não-governamentais do chamado terceiro setor. Porém, esta metodologia poderá servir como base para identificação e análise de outras redes, como, por exemplo, empresariais ligadas ao
mercado, inter-governamentais ou ainda de movimentos sociais variados.
Uma metodologia descritiva e cartográfica. Abaixo alguns passos importantes para se desenvolver o modelo:

a) História da organização:
Identificar e sistematizar as principais datas cronológicas da organização. (Data de fundação, datas de mudanças significativas, de direção, alianças, fusões, tercerização, etc) datas dos lançamentos dos principais produtos, principais campanhas e criação de ferramentas de trabalho. A história sempre é importante para contextualizar a realidade analisada.

b) Analisar os principais eventos presenciais e os principais produtos da organização/empresa/rede, as organizações e suas relações (local de atuação, forma de atuação, influência local e global, produtos, softwers utilizados, relação com outros grupos, concorrentes, governos, entidades financiadoras etc.).

c) Identificar e analisar a comunicação, o discurso e os temas recorrentes da rede/organização virtual. Identificar através da comunicação eletrônica (mensagens do correio eletrônico, debates, preocupações, e questões da organização virtual), os discursos, os fluxos de informação.

d) Análise das ferramentas de tecnologia da informação e comunicação (T.I.C.) usadas pela rede (evolução das ferramentas, impressas, radio, internet, web, banco de dados etc.).

e) identificação dos níveis fractais da organização/rede (local, municipal, global ou rede temática, geográfica etc.).

f) Desenho do modelo organizacional realizado a partir da identificação dos níveis fractais. A partir da identificação dos nós da rede baseados nos fluxos de comunicação e com subsídio dos passos e elementos anteriores.

g) Análise e conclusões sobre a rede analisada, baseadas no desenho do modelo cartográfico

Conclusões específicas

 A rede DPH e suas fases

Tendo como critério o número de atividades relevantes desenvolvidas pela rede DPH, pode-se constatar uma fase embrionária que vai desde o surgimento da sua idéia inicial (1986/1987) até 1991. Neste período quase todo o trabalho é desenvolvido e realizado pela FPH. Um segundo período, onde as atividades praticamente quadruplicam, ocorre entre 1992 a 1995. Denominou-se esse momento histórico de fase infantil, pois surgem muitas das estruturas organizacionais e ferramentas de trabalho, ainda que embrionárias, mas já com características claras de como se desenvolverão ao longo do tempo na rede DPH em sua extensão internacional. Entre 1996 e 1998 novamente dobram as atividades internacionais registradas da rede. Esse período caracteriza-se como a fase adolescente da rede DPH. A rede começa a ficar adulta, tomar o destino em suas próprias mãos e caminhar com as suas pernas, criando sua identidade e direção organizacional. A rede se solidifica em termos organizacionais na Europa e se amplia e fortalece na América Latina, aumenta as atividades de e encontros na África e na Ásia. Em nível técnico surgem mais ferramentas como o DPH para "Mac" e para Windows (4D), o "tryptique Dph", um kit sobre o DPH e o aprimoramento do Web Dph. Essas ferramentas mais amigáveis facilitam o trabalho e popularização da rede e do banco de dados ISIS-DPH.

A partir de 1999 as atividades vão demonstrando uma tendência de, a cada ano crescer em uma dezena o que faz com que caracterize-se este período com fase adulta. Nota-se uma definição e estabilização da funções organizativas da rede (reuniões de formação, reuniões do CENO, planejamento e atividades para ampliação em outras áreas geográficas, reuniões sistemáticas, aprimoramento das ferramentas, presença formal nas reuniões das redes aliadas e filiadas, etc ). Assim constata-se que historicamente, a REDE DPH tem tido um crescimento formal e organizacional muito grande.

 Rede DPH: uma estrela rumo a uma malha

A rede DPH está evoluindo de uma rede em forma de “estrela”, onde a FPH, Fundação Charles Leopold Mayer para o Progresso Humano, era o centro da estrela , passando para uma rede em forma de “y” sendo que o CENO divide a coordenação com a FPH. Alguns indicativos apontam que a tendência da rede DPH é, em um futuro não muito longínquo se transformar em uma rede em malha ou de interdependência, dependendo da conjuntura e de conseguir superar vários desafios. Entre esses desafios estão a dependência econômica de financiamento da FPH (com a conquista de novos parceiros), superar as diferenças linguísticas e a hegemonia francofônica (com novos programas de trabalho e parceiros fortes internacionalmente em outros países não francófonos) e avançar na diversidade e modernização das ferramentas de trabalho e comunicação (banco de dados, Internet, ferramentas de busca etc).

 As ferramentas e a prática do intercâmbio de experiências

Um dos grandes desafios que a rede DPH se coloca é : como conseguir uma autêntica troca de experiências? Na construção de um conhecimento comum, cada grupo ou da rede contribui com seus materiais; suas informações, contudo, para que a rede se consolide é imprescindível uma linguagem e uma metodologia de intercâmbio de experiências.

Graças a esta proposta de metodologia, a partir de análises das informações e das experiências, respeitando ao mesmo tempo a complexidade da realidade humana, das culturas, das diversidades economicas e lingüísticas, pode-se tirar lições aplicadas à prática, identificar métodos transferíveis, descobrir pessoas e organismos suscetíveis, que ajudem a facilitar o trabalho e definir orientações para
a ação. Deste modo, no processo de construção a rede DPH tem compreendido que :

  • A ficha DPH constitui a unidade de comunicação entre os membros da rede.
  • O conjunto de fichas se encaminha à constituição de uma inteligência coletiva cuja parte visível se denomina “banco de experiências”.
  • O catálogo da rede DPH permite caracterizar estas experiências e investigar o quê convém para a ação.
  • Os programas informáticos gestionam o conjunto de informações registradas e permitem tirar proveito das mesmas.
  • A metodologia do intercâmbio de experiências aponta técnicas de trabalho intelectual e ajuda a organizar intercâmbios entre os membros da rede e outros interessados em temáticas sistematizadas pela rede.

 Uma ficha DPH é uma unidade de comunicação normatizada

Uma ficha segundo, os critérios discutidos pelos membros da rede e divulgado em seus documentos, deve servir em primeiro lugar ao próprio redator ou ao portador da experiência levando-lhe a tirar, ele mesmo, os principais ensinamentos ou aprendizados e a estabelecer a seleção ou comparação com outras situaçõe. Deve, além disso, permitir a outros usufruir das informações e reflexões incluídas nela; e por último, deve constituir um laço entre pessoas e instituições que se revelam mutuamente, através de interesses e práticas comparáveis.

A normatização da apresentação das fichas é a condição para que uma memória coletiva informatizada possa ser utilizada facilmente. Requer certa disciplina no preenchimento das diferentes rúbricas (assinaturas). A ficha DPH tem a particularidade de tentar captar e transmitir uma informação, uma reflexão, uma experiência, seja qual for sua procedência.

As iniciativas documentais clássicas dão prioridade à fonte em comparação ao conteúdo: desse modo, nas mesmas fichas sempre terá mais peso uma informação que procede de um organismo científico oficial do que uma informação que vêm de um grupo coletivo de habitantes de um bairro marginal.

A rede DPH traça um enfoque diferente, que privilegia o interesse do conteúdo e não sacraliza a fonte. Assim pois, por seu estado de ânimo, o redator de uma ficha DPH se assemelha mais ao de um jornalista. O ponto de partida intuitivo de nossa iniciativa, é a idéia de que cada situação, cada contexto local, constitui um “sistema”: cada conjunto engloba um aspecto que traduzem os vínculos entre os homens e seu meio, outros traduzem as lógicas sociais, incluindo outros que traduzem as lógicas autônomas dos sistemas técnicos. Todo sistema é único em seu gênero.

A rede DPH prefere a utilização de métodos “clínicos”: “se distingue as particularidades de cada caso dentro de sua globalidade e logo se tenha, planeja comparar essas globalidades e colocar manifesto as analogias: mas além de sua diferença, a miúdo os diferentes contextos estudados estão construídos de maneira similar.

O esforço de estruturação progressiva prossegue com a codificação. Esta obriga a identificar os temas principais abordados e designá-los mediante palavras chaves. Daí a importância da estrutura do catálogo (tesauro): o cuidado e a definição das palavras e mais ainda o estudo das relações de ordem e de semelhança entre elas é um dos elementos decisivos da estruturação das representações que se faz da realidade.

Uma outra operação, preferentemente coletiva, é “a análise transversal” das fichas. Esta análise consiste em descobrir progressivamente as analogias que fazem que as histórias tenham elementos comuns. As preocupações comuns assim identificadas podem, por exemplo, expressar se em forma de plataforma ou de declaração, em três subdivisões: constatações essenciais, valores essências e prioridades para a ação. Assim, este trabalho intelectual de confrontação de experiências pode desembocar em uma ação coletiva. Por isso, é preciso reconhecer que esta se apoia na adesão a um certo número de valores. Este
método se inspira no método utilizado por certas empresas para dar forma a sua experiência. Isto comprova que a filosofia e a metodologia DPH é claramente influênciada pelas novas teorias sistêmicas, da complexidade, dos fractais e do caos.

Recomendações para trabalhos futuros

 Criação de um software aplicativo que sirva de ferramenta para criação de organogramas e modelos organizacionais virtuais em forma de rede

Indica-se a aplicação do conhecimento sistematizado nesta tese, para criação de um software aplicativo que sirva de ferramenta para criação de organogramas não lineares e verticais, que considere as teorias da complexidade, do caos, dos fractais e de redes. Esta ferramenta seria muito útil para as pesquisas interdisciplinares, organizacionais, para estudiosos de recursos humanos, administração, ciências humanas, comunicação e engenharia de produção e sistemas entre outros. Este programa auxiliaria no planejamento dos mais variados tipos de organização em rede (empresas, organizações não-governamentais, instituições públicas, escolas, etc.) cada vez mais freqüentes no século que se inicia.
Atualmente não se conhece nenhum aplicativo dispónível no mercado que cumpra essa função.

 O desafio da diversidade linguística: articulações para vencer a torre de Babel

Em relação a Rede DPH e suas relações, sugere-se uma articulação da coordenação da rede DPH e da Fundação Charles Leopold Mayer (FPH) com o projeto: Universal Networking Language (UNL), como foi batizada a rede, que desenvolve um tradudor automático de línguas para WEB, que é desenvolvida há cinco anos por um consórcio sob comando da Organização das Nações Unidas (ONU). Especialistas em tradução automática de 17 centros ao redor do mundo - "só na China são 110 pesquisadores", diz o Prof. Della Senta - trabalham no projeto, que já consumiu entre US$ 30 milhões e US$ 40 milhões em investimento.

No Brasil, o pólo é PPGEP da Universidade Federal de Santa Catarina. Mantido à distância do grande público até agora, o projeto está próximo de enfrentar seu principal teste: a viabilidade comercial. "Do ponto de vista tecnológico, a UNL está completa", informa Della Senta. Os softwares básicos estão prontos e a próxima etapa é criar aplicações concretas que a aperfeiçoem. A previsão é apresentá-la durante a Assembléia das Nações Unidas, em outubro. Ainda há muito trabalho a fazer. Para lidar com tantas línguas diferentes - a Índia tem, sozinha, 18 idiomas oficiais -, foi criado um dicionário que identifica conceitos e não apenas palavras. É o que diferencia a UNL dos limitados tradutores disponíveis atualmente.

Definida a prioridade, a UNL converte a palavra em um código eletrônico de significado específico. Depois encontra o mesmo código na outra língua e faz a desconversão.

Com tantas circunstâncias complexas, para funcionar a UNL precisa de clareza na comunicação. Por isso mesmo, é voltada para aplicações de negócios, em que as mensagens são objetivas. "Não serve para poesia, que é essencialmente ambígua", diz Della Senta. A limitação estende-se a outros tipos de textos literários e jornalísticos.

O sistema será aberto à participação de empresas interessadas em criar aplicações. A idéia é negociar caso a caso para que as companhias possam preservar informações estratégicas e, ao mesmo tempo, garantir o acesso público à base de conhecimento. O direito de patente já foi requerido pela ONU.

"A idéia é criar um reservatório coletivo que reúna o conhecimento de vários povos", pensa o professor. Não é por acaso que o primeiro texto a ser traduzido na UNL foi exatamente o da torre bíblica.

Acredita-se que esse projeto pode dar uma grande contribuição para articulações e redes internacionais como a DPH, que tem nas línguas uma das grandes dificuldades para sua popularização e massificação. (ROSA, 2002)

 Desafio tecnólogico: a articulação com o movimentos semelhantes

Acredita-se que para uma maior abrangencia e para vencer os seus desafios tecnológicos e financeiros a rede DPH deverá se articular com outras redes que tenham o mesmo sentido da sua atuação. Além da rede que tenta desenvolver a UNL, já citada, acredita-se que a rede deveria tentar articulações com o movimento internacional de softwers livres que tem no Projeto GNU que desenvolve um sistema operacional livre completo chamado "GNU" (GNU’s Not Unix, ou GNU não é Unix) que é um superset do Unix. Para que essa aproximação pudesse ser feita, contatos com a Fundação para o Software Livre (FSF), coordenada por Richard Stallman, que é dedicada à eliminação de restrições sobre a cópia, redistribuição, entendimento e modificação de programas de computadores. Promovendo o desenvolvimento e o uso de software livre em todas as áreas da computação – mas particularmente, ajudando a desenvolver o sistema operacional GNU.

Muitas organizações distribuem qualquer software livre que por acaso esteja disponível. Em contraste, a Fundação para o Software Livre (FSF) se concentra no desenvolvimento de novos softwares. Além de desenvolver o GNU, a FSF distribui cópias do software GNU e manuais por uma taxa de distribuição, e aceita doações dedutíveis sobre os impostos para suportar o desenvolvimento do GNU. A maior parte dos fundos da FSF vem deste serviço de distribuição. (FSF,2002) Neste sentido também ocorre um importante movimento em forma de rede de inclusão digital, onde no Brasil e América Latina se destaca o Movimento de Democratização da informática (MDI) e seus CDIs (Comitês de Democratização da Informática). É uma rede de tele-centros e escolas que luta contra a exclusão digital.

Possui várias parcerias e uma rica articulação pelo mundo todo (CDIs,2002). Este tipo de articulação seria fundamental para a rede DPH ampliar e enriquecer sua experiência e contribuir com outras redes semelhantes.

Marcio Vieira de Souza, http://buscatextual.cnpq.br/...

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